A data de 14 de fevereiro de 2022, que transcorre nesta segunda-feira, tem relevância histórica para a Associação Cearense de Imprensa (ACI). Foi há dez anos que, em 2012, partiu a então presidente da entidade, Ivonete Maia. Na ocasião, ela se encontrava internada no Hospital das Clínicas, submetida a tratamento de um câncer no esôfago, que havia sido diagnosticado em 2011.
Natural de Jaguaruana (a 180 km de Fortaleza), Maria
Ivonete Moreira Maia era irmã de mais 14 mulheres e homens, filha de seu Carlos
e dona Maria Maia, neta de Ana de Carvalho Moreira, “mulher valente”. Com
infância vivida no interior do Estado, a avó materna lhe encaminhou a
Fortaleza, para realizar os estudos.
Ivonete formou-se em Letras (Faculdade Católica de Filosofia) e em Jornalismo
(na 1ª turma do curso da Universidade Federal do Ceará, de 1969). Trabalhou nos
jornais O Nordeste, Gazeta de Notícias e O POVO e nas rádios Assunção e Verdes
Mares.
Foi professora do Curso de Comunicação Social da UFC e ocupou cargos de gestão
também na Rádio Universitária e nas Edições UFC. Em sua trajetória, foi a
primeira mulher a presidir um Sindicato de Jornalistas no Brasil (1981-1986) –
o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a
assumir a presidência da Associação Cearense de Imprensa (1989-1992 e 2008-2012).
Trajetória na ACI
Sua atuação na Associação Cearense de Imprensa foi expressiva, tendo sido eleita presidente da entidade por três mandatos. O primeiro deles foi em 1989, ano de grande ebulição no cenário político nacional, com a retomada das eleições para a Presidência da República, após a Redemocratização Brasileira que se consolidara em 1985.
A segunda gestão de Ivonete se deu no mais dramático momento contemporâneo da história da ACI. Em 22 de janeiro de 2008, ela assumiu a presidência da Associação, acompanhada de Wilame Moura (1º vice-presidente) e Izabel Pinheiro (2ª vice-presidente). Os cargos estavam vagos, por perda de mandatos, nos dois primeiros, e por renúncia, no segundo.
Tudo se dava após um dramático episódio, que levou associados a se desfiliarem da ACI e exigiu das diretorias subsequentes um trabalho de resgate da credibilidade da entidade, que prosseguiu nas gestões que a sucederam: Emília Augusta Bedê (2012), Nilton Almeida (2012-2013), Adísia Sá (2013-2016) e Salomão de Castro (2016-2019 e 2019-2022).
Desafios no segundo e terceiro mandatos
Conforme depoimento de Ivonete no livro “Associação Cearense de Imprensa – 85 anos na pauta do Ceará”, de Angela Barros Leal, a eleição de 22 de janeiro de 2008, que a levou ao segundo mandato, foi atípica, “fora de época com a qual foi encerrado um período tumultuado vivido pela entidade”.
Ainda em declarações registradas no livro, Ivonete apontou como primeira tarefa a reconquista da credibilidade dos Prêmios Anuais de Jornalismo, na sua 40ª edição, em 2008. “O que ocorrera no ano anterior (fraude nos resultados do prêmio para Jornalismo Impresso), cujos pormenores foram largamente divulgados na imprensa local e apurados em comissão de sindicância interna, estava superado e passava a se constituir em lastimável episódio da história da entidade”, afirmou.
O segundo mandato de Ivonete obteve ampla aprovação entre os sócios e, no dia 6 de agosto de 2010, a Assembleia Eleitoral a reelegeu para o terceiro mandato, por um placar dilatado: sua chapa obteve 172 votos, contra 16 da chapa concorrente. Neste mandato, foi realizada ampla reforma no edifício-sede da entidade, que contou com atuação conjunta do Governo do Estado (por meio do então secretário de Cultura, Auto Filho) e da Prefeitura de Fortaleza.
“Em julho de 2010, tínhamos, do quarto andar ao Terraço, uma nova ACI. Só vendo para crer. O investimento do Governo do Estado, parcela assegurada pela Prefeitura de Fortaleza para finalização de alguns serviços, prepararam a ACI para a busca de novos caminhos e realizações”, avaliou Ivonete também em depoimento a Angela Barros Leal, destacando na ocasião que faltavam 14 anos para o centenário da entidade, a transcorrer em 14 de julho de 2025. “Desde já, benvindo centenário”, afirmou à época.
Sintonia com causas sociais
Ainda em depoimento a Angela Barros Leal, a então presidente da Associação fez um balanço da atuação da entidade no que se refere à defesa de causas sociais. “A ACI esteve presente nos grandes momentos da história do Ceará. Apoiamos o movimento contra a pena de morte. Temos cedido o auditório para comitês em defesa das estatais, temos dado apoio a movimentos populares, sem comprometimentos partidários, e a ACI continua aberta a movimentos que venham dos segmentos organizados da população”, pontuou.
Ainda em declarações registradas no livro, Ivonete manifestou a convicção de que a Associação estava preservada, por ter quem a defensa e esteja atento aos fatos a ela relacionados. “O essencial para a ACI hoje é alguém que queira assumir os cuidados de uma entidade que não deve morrer”, enfatizou, sendo ouvida pelas gestões que a sucederam, bem como pelo conjunto de sócios que compõem a entidade.
Dez anos após sua passagem para o plano espiritual, a jornalista jaguaruanense tem seu legado mantido vivo pela atual Diretoria Executiva e sócios da ACI. Por isso, na data de 14 de fevereiro de 2022, dizemos, em alto e bom som: “IVONETE MAIA, PRESENTE”.
Conheci a jornalista, Ivonete Maia, quando era Presidente do Siindicato de Jornalistas do Ceará. Era uma pessoa muito bacana e grande profissional de imprensa. Seu legado ficará para sempre na área de comunicação do nosso estado.
Fui aluna da professora Ivonete Maia, que foi homenageada pela nossa turma de formandos e eu sei que ela ficou muito feliz. A nossa festa foi na ACI, um momento inesquecível para todos nós. Claro que nossa mestra estará sempre presente.
Tão bom lembrar os feitos de Ivonete Maia. Pra mim uma gigante da comunicação. Iniciei o meu amor pelo jornalismo a partir dos meus ilustres professores. Que Deus a ilumine sempre.