A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) prestou homenagem à luta por memória, verdade e justiça no transcurso dos 60 anos do golpe militar de 1964, em uma sessão solene realizada no Plenário 13 de Maio, na qual a Associação Cearense de Imprensa (ACI) foi uma das instituições homenageadas
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) realizou, nesta segunda-feira (15/04), no Plenário 13 de Maio, uma sessão solene em homenagem à luta por memória, verdade e justiça no transcurso dos 60 anos do golpe militar de 1964. O evento atendeu a solicitação do deputado Renato Roseno (Psol), subscrito pelos deputados Missias Dias (PT) e De Assis Diniz (PT).
Na atividade, uma das instituições homenageadas foi a Associação Cearense de Imprensa (ACI). Os parlamentares entregaram certificado ao presidente da entidade, Helly Ellery, ao diretor de atividades culturais e sociais da ACI e conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Salomão de Castro, e ao jornalista, anistiado político e sócio da ACI, Paulo Verlaine.
O presidente Helly Ellery ressaltou a história da entidade e a importância do jornalismo em tempos sombrios. “A ACI, historicamente, sempre foi a casa de guarida e organização das lutas coletivas. A entidade, ainda nos tempos de chumbo, contribuiu na emancipação de boa parte da luta sindical cearense, assim como sediou debates e lançamentos de obras que contestavam a ditadura militar. A perseguição ao bom jornalismo é uma das lógicas dos tempos repressores. Estaremos sempre vibrantes e atentos em defesa do nosso trabalho e das liberdades conquistadas com tanta luta e sacrifícios”, assegura.
A participação da ACI na sessão solene foi considerada muito relevante por Salomão de Castro, diretor da entidade, que afirmou: “Foi uma honra participar da sessão solene em homenagem aos defensores da democracia no Ceará. A Associação Brasileira de Imprensa se junta à Assembleia Legislativa do Ceará em reconhecimento à luta dessas pessoas”, conclui o também representante da ABI no Ceará e membro da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos.
Durante o evento, os deputados também refletiram sobre a herança do golpe militar no Brasil. Renato Roseno destacou que a sociedade brasileira foi construída sobre fundamentos de violência e autoritarismo, e que a história do país não valorizou aqueles que lutaram por liberdade e direitos fundamentais. “Ainda hoje, enfrentamos desafios como perseguição a moradores de periferias, ataques à liberdade de imprensa e a colusão de elite para acumular poder e riqueza”, disse ele.
Missias Dias prestou homenagem aos que sofreram violência durante o regime ditatorial, afirmando que essas pessoas sonhavam com uma educação melhor e a conquista de direitos fundamentais. “Infelizmente, esses sonhos eram interpretados como uma ameaça e muitas vidas foram perdidas. Ao mesmo tempo, essa luta legou a nós a capacidade de lutar por nossos direitos e espaços hoje”, disse ele.
De Assis Diniz considerou que a instalação do regime antidemocrático no país foi resultado de relações de subordinação e uma estrutura hierárquica bem definida, que manteve as forças militares no poder. Ele também agradeceu aos “lutadores que colocaram suas vidas em risco pela defesa da memória, verdade e justiça”.
Ao todo, 16 pessoas foram homenageadas com certificados durante a sessão solene. Maria Luiza Fontenele, ex-prefeita de Fortaleza e ex-deputada estadual e federal, falando em nome dos homenageados, disse: “Aqueles que lutaram pela anistia sabem o que significa lutar pela liberdade. Nós lembramos hoje de Therezinha Zerbini, uma das líderes do Movimento Feminino pela Anistia, que foi um dos primeiros grupos a se articular contra a ditadura. Essa luta foi construída por mulheres fortes e trouxe uma perspectiva de mundo que não se resume ao homem”.