Na manhã do último sábado (15), a Associação Cearense de Imprensa comemorou o Dia do Jornalista com debate, música e muita alegria. A roda de conversa contou com a participação da jornalista Ana Karla Dubiella, que também lançou o seu livro intitulado ‘’PANDEMÔNIO”, além das presenças inquietantes do mestre Ronaldo Salgado e da artista visual e cronista, Raísa Christina. A mediação ficou por conta da jornalista e diretora da ACI, Ângela Marinho.
Ana Karla Dubiella trouxe relatos sobre suas crônicas e compartilhou sua alegria pessoal em acreditar que, nos dias atuais, esse gênero literário ganhou status de arte. Sobre os desafios do jornalismo, ela defende que a profissão passa por uma grande transição, assim como ocorre em toda a sociedade. ‘’Estamos no meio de uma reviravolta, mais do que só jornalismo, precisamos nos perguntar como é que vamos nos comunicar. Acredito que o meio jornalístico vai longe, mas nunca mais da maneira que vivemos há anos atrás.”, comenta.
Jornalista e professor aposentado da UFC, Ronaldo Salgado comentou sobre sua trajetória como diretor de reportagem e professor universitário, falando sobre as lutas que sempre existiram na profissão. ‘’Minha geração foi cheia de luta. Na década de 80 lutamos pelo piso salarial, íamos às ruas e usávamos até camisas em forma de protesto. Hoje percebo um sentimento de apatia, além da própria degradação do ser jornalista ou de quem se intitula jornalista. E é justamente por isso que existe a luta da regulamentação do diploma, que é extremamente importante para a nossa categoria.’’
A Artista Visual e escritora, Raisa Christina, conta que, para ela, o preconceito gerado na criação de crônicas está sendo desmistificado e voltado para um olhar mais sensível. ‘’Acredito que esse preconceito melhorou um pouco e é muito bom ouvir as pessoas falando do percurso histórico da crônica, porque hoje penso que o que me pega na crônica literária é perceber que há essa autoficção, que gera essa intimidade com o texto”, acrescenta.
De acordo com Helly Ellery, jornalista e presidente da ACI, a celebração do Dia do Jornalista da entidade recebeu o nível e a profundidade que a categoria merece. ‘’Em uma manhã que se tem o talento literário da Ana Karla Dubiella, a experiência acumulada e a irreverência do professor Ronaldo Salgado, junto da inovação e olhar artístico da querida Raísa Christina, se gera a tônica bela e aprofundada do que é o fazer jornalístico, a literatura e o desafio da nossa profissão. Uma manhã onde se congregaram vários jornalistas e profissionais da imprensa de diversas áreas, idades e linguagens. Um momento de delicadeza, carinho e a competência artística do jornalista Nelson Augusto que culminou em um ato festivo e integrativo’’, ressalta.
Após os momentos de fala, o evento contou com o lançamento da obra “Pandemônio”, produzido pela jornalista Ana Karla Dubiella, além da produção artística vibrante do jornalista e agitador cultural, Nelson Augusto.
PEC do Diploma
A luta pela obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo voltou com toda força após a mudança do quadro político. Reivindicação antiga e importante da categoria que tenta corrigir a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2009, que aboliu a exigência da formação de nível superior em Jornalismo como pré-requisito para o exercício da profissão. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os sindicatos estaduais retomaram a luta pela volta do diploma em Jornalismo como critério único e impessoal de acesso à profissão.
Para Ângela Marinho, jornalista e diretora da ACI, a defesa da aprovação da PEC é uma pauta unânime para aqueles que defendem o jornalismo com qualidade e responsabilidade. ‘’Fazemos a defesa da PEC do diploma, que recupera a formação superior para o exercício da profissão dos jornalistas. É importante ter profissionais preparados, principalmente nesses tempos de disseminação volumosa de notícias falsas, que incentivam a violência, em tempos de intolerância e ameaça até contra crianças, adolescentes e instituições escolares.’’, finaliza.