O dia 3 de maio foi proclamado como o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa em 1993 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, por iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Portanto, ela chega em 2021 ao seu 28º registro. A data é uma oportunidade para avaliar a liberdade de imprensa em todo o mundo, combatendo ataques à independência da mídia em todo o planeta.
No entanto, vivemos um cenário desafiador. A pandemia da Covid-19 chega ao seu segundo ano com mais de 400 mil mortes no Brasil, incluindo a perda de diversos profissionais de imprensa. Este drama nos atinge de duas formas: tanto no desafio cotidiano de realizar as coberturas jornalísticas quanto na dor que nos atinge quando perdemos colegas para o Coronavírus.
Sob o ponto de vista mundial, regredimos vergonhosamente no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, publicado anualmente pela ONG Repórteres sem Froteiras. No levantamento divulgado em 20 de abril, o Brasil apareceu em 111º lugar na lista, sendo este o quarto ano consecutivo em que o país desceu na classificação. Temos a oitava pior situação da liberdade de imprensa nas Américas.
A situação é ainda pior levando em conta outro dado: pela primeira vez em duas décadas, o país foi rebaixado da “zona laranja” para a “zona vermelha” do levantamento. Nesta categorização, a situação para o trabalho da imprensa é considerada mais difícil.
De acordo com o relatório, um dos motivos para a limitação à liberdade de imprensa no Brasil é um “cenário de concentração excessiva da propriedade de meios de comunicação, o que prejudica a qualidade do pluralismo e da diversidade do horizonte midiático”.
Sendo assim, objetivamente, não temos nada a comemorar nesta data, infelizmente, que muito em breve chegará aos 30 anos. É necessário se buscar enfrentar com coragem as causas que nos levam a tão degradante cenário sob o ponto de vista mundial. Este desafio nos apresenta a todos e todas que militamos na imprensa, nos diversos segmentos que a constituem, e passa pelo fortalecimento constante das entidades representativas dos profissionais da área.
A Associação Cearense de Imprensa chama a sociedade a refletir sobre a relevância desta data e sobre o papel que os e as profissionais de imprensa devem desempenhar para se mudar este quadro desolador. A liberdade de imprensa só pode ser assegurada por meio de permanente mobilização. Apenas assim teremos razões para comemorar esta data em 3 de maio de 2022.
Fortaleza, 3 de maio de 2021
Salomão de Castro
Presidente da ACI