O Dia Internacional da Mulher representa uma celebração de conquistas sociais, políticas e econômicas do público feminino ao longo dos anos, sendo adotado pela Organização das Nações Unidas e, consequentemente, por diversos países.
A luta das mulheres por melhores condições de vida e trabalho começou a partir do final do século XIX. Na época elas lutavam contra as jornadas de trabalho de 15 horas diárias, baixos salários e a discriminação de gênero.
Não há dúvidas de que avançamos. Se antes a mulher era obrigada a ser dona de casa, hoje temos a oportunidade de exercer diversas profissões. Conquistamos espaços, inclusive na política. Conquistamos o direito de votar. Podemos praticar qualquer esporte. Podemos estudar. Também foram criadas delegacias de proteção à mulher e campanhas direcionadas à saúde da mulher, que antes não havia. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
No dia 24 de fevereiro de 1932 as mulheres brasileiras conquistaram, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e de serem eleitas para cargos no poder Executivo e Legislativo. Esta data é, portanto, um marco na história da mulher brasileira.
Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou o dia 08 de março como o Dia Internacional da Mulher. A data é o reconhecimento de um longo processo de lutas, organização e conscientização das mulheres, mas também de toda a sociedade, na maior parte do mundo.
Ser mulher é saber ou aprender a lutar. E agora lutamos contra o assédio moral e sexual, o preconceito e a violência doméstica. Apesar de termos conquistados espaços e posições de liderança, ainda assim quando chegamos lá, somos contestadas pela nossa competência. “ Se chegou tão longe, foi porque teve caso com alguém influente” não é raro ouvirmos frases assim, por exemplo.
O salário melhorou, mas ainda assim as mulheres ganham menos que os homens para exercer a mesma função. De acordo com pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), as mulheres ganharam 22% menos do que os homens em 2019. Entre trabalhadores com ensino superior, a diferença chega a 38%. Como se não bastasse, elas também são mais afetadas pelo desemprego, trabalham o dobro em casa e se aposentam com benefício menor.
Tudo isso caracteriza um problema de discriminação de gênero. Pois é, no início do texto foi mencionado que um dos motivos da luta das mulheres no século XIX era justamente esse. E o problema persiste até hoje. Na época elas lutavam por melhores salários, agora lutamos por igualdade salarial. Pouco mudou.
No século XIX as mulheres lutavam contra a jornada de trabalho de 15 horas diárias. Hoje são em média 8 horas diárias, porém atualmente essa jornada ficou praticamente igual a das mulheres do século XIX. Na condição de home office, empresas acreditam que suas funcionárias devem estar sempre disponíveis para realizar qualquer tarefa. Em casa, ainda há o trabalho doméstico e a maternidade. Isso vale também para as mulheres jornalistas, conforme pesquisa realizada pela Federação dos Jornalistas (FENAJ) denominada “Mães jornalistas e o contexto da pandemia”
Respondida por 629 profissionais jornalistas de todos os estados do Brasil, o mapeamento demonstra que, ainda que compartilhem cuidados, estas mulheres se sentem sobrecarregadas com aulas online, alimentação e cuidados da casa, ao mesmo tempo que precisam conciliar o trabalho home office ou presencial. Novamente, pouco mudou de lá pra cá.
Ganhamos um dia internacional só nosso. Com homenagens, mimos, carinho. Merecido. Mas de que adianta a empresa dar mimos para suas funcionárias, se elas ganham menos ? Se são demitidas quando voltam da licença maternidade ? Ou ainda se essa empresa evita contratar mulheres porque elas podem engravidar a qualquer momento ?
Isso vale também para o ambiente doméstico. Não adianta encher a mulher de mimos em casa se você pratica violência física ou psicológica com ela. Se ela é humilhada, se ela exerce todas as funções sozinha. Respeito é o mínimo. E no caso de haver um companheiro, ele acima de tudo deve ser um parceiro em todas as tarefas. Infelizmente, nem sempre é assim.
O Dia da Mulher foi criado com o objetivo de discutir o papel e a influência da mulher na sociedade. Mas infelizmente vem se tornando uma data meramente comercial e até mesmo de hipocrisia com aqueles que fazem homenagens, mas não valorizam o papel da mulher na sociedade.
Espero que este dia, que sem dúvidas é especial, volte ao ter seu real significado, que é de ser um dia de reflexão sobre a atual situação da mulher na sociedade. Sobre seus planos, sonhos e seu futuro. Vai muito além de comemoração ou lembranças.
Repetindo o que já falamos anteriormente, ser mulher é saber ou aprender a lutar. Então, vamos à luta, companheiras!
Márcia Catunda
Diretora de Comunicação da Associação Cearense de Imprensa
Texto maravilhoso, representa realmente a fala de todas nós mulheres guerreiras, trabalhadoras e nos impulsiona a uma reflexão de que, cada vez mais, não devemos nem podemos nos abater ou fraquejar diante do preconceito ou qualquer outra mazela que infelizmente, ainda tentam nos fazer recuar. Desistir, jamais!!!